Relembre o declínio do Orkut


O Google chacoalhou a internet nesta semana ao agendar o fim do Orkut para 30 de setembro de 2014. Aos 10 anos, o serviço que fez o brasileiro conhecer, se familiarizar e adotar o conceito de web 2.0 já não se justifica mais, mas tem lugar reservado no baú digital.

Foi graças ao Orkut que o Facebook é o que é por aqui, e se não fosse por ele talvez não tivéssemos aceitado tão facilmente a chegada de produtos como Twitter e LinkedIn. Mas os dias de glória desta que já foi a maior rede social do país são passado, e o próprio Google lutou pouco para impedir a derrota do site.

A queda do Orkut foi tão acentuada que levou apenas dois anos para o site despencar da 1ª à 7ª posição em termos de participação de usuários de redes sociais no Brasil. Boa parte disso, aliás, em pouquíssimos meses, porque o Orkut ainda era a 3º rede mais acessada em maio de 2013, mas em dezembro havia perdido quatro posições.


Se no último mês de 2011 33,44% das visitas feitas por brasileiros a sites do gênero miravam o Orkut, em dezembro de 2013 apenas 0,64% dos internautas daqui ainda voltavam ao serviço, de acordo com levantamento feito pela Experian Hitwise a pedido do Olhar Digital.

Não é só isso. Dados obtidos pela reportagem junto à comScore revelam que entre julho e dezembro de 2013 o Orkut perdeu 6,5 milhões de visitantes únicos (foi de 12,5 mi a 6 mi), enquanto a quantidade de internautas do país não parou de crescer. Hoje, o site só chega a 7,6% da população conectada do Brasil.

O abre alas da internet

Antes desse declínio, o Orkut foi a rede social do brasileiro e sua importância era tão grande para a formação do internauta no país que alguns especialistas - e o Google - consideram que o site foi a porta de entrada à rede para muita gente.

“A sensação de fazer parte de uma rede e pertencer a não uma, mas várias comunidades com conteúdo pertinente e 100% brasileiro foi contagiante”, comenta Marcelo Bressan, analista de Marketing em Negócios do C.E.S.A.R. (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife). “Rapidamente o internauta brasileiro conseguiu ter uma presença significativa em uma rede global, com algo em torno de 60% de presença brasileira.”

Para o professor Almir Meira Alves, que coordena os cursos de Engenharia da Computação e de Produção 2.0 da FIAP, foi o Orkut que abriu caminho para a chegada de outras redes sociais por aqui - inclusive o Facebook. “Por muito tempo a principal ferramenta da web 2.0 foi o Orkut”, diz ele.

Por que perdeu?

Há mais de uma explicação para a derrota do Orkut, mas de certa forma todas têm relação com o Facebook. O site de Mark Zuckerberg teve de fazer mais de uma tentativa para entrar no Brasil, pois na primeira os internautas daqui ainda não estavam prontos para a mudança. “No início ele parecia voltado a quem tinha um nível educacional mais elevado”, comenta Alves, explicando que o Facebook era mais complicado que o Orkut e ainda não havia sido traduzido do inglês.

Depois, à medida que a rede foi tomando corpo, o brasileiro passou a se sentir mais confortável com ela e começou a adotá-la de vez, deixando o site do Google para trás. “Uma vez que um dos pontos fortes do Orkut eram as comunidades, bastou um número relevante de formadores de opinião migrar para redes sociais novas que algumas comunidades foram gradualmente eliminadas, por perderem em peso e relevância”, avalia Bressan.

Então o Google mexeu seguidas vezes no site, mas nunca a ponto de prender a atenção do usuário, e acabou desistindo da luta. O blog oficial da rede social não recebe atualizações desde outubro de 2012 e, quando pedimos comentários sobre os dez anos da plataforma, a empresa se limitou a enviar a seguinte nota:

“Lançamos o Orkut em janeiro de 2004 e, ao longo da última década, a plataforma evoluiu para se tornar um exemplo de como as pessoas se relacionam na internet. No Brasil, o Orkut foi a porta de entrada à internet para muitos usuários.”
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