Fusca Porsche é salvo de virar sucata para ser um dos mais caros do Brasil


Fusca Cintra reproduz visual do Porsche 959 e só 3 exemplares foram feitos; pioneiro foi restaurado e teve proposta de R$ 300 milImagem: Arquivo pessoal

Na segunda metade da década de 1980, a Ferrari F40 e o Porsche 959 eram presença constante em pôsteres nos quartos de crianças e adolescentes apaixonados por carros.

Dentre eles estava André Cintra, um estudante paulista de 15 anos, que em 1988 teve a ideia de colocar o visual arrojado do Porsche em um Fusca. Quatro anos depois, nascia o Fusca "959 Cintra", que foi manchete de revistas especializadas da época.

Os três exemplares, todos produzidos artesanalmente no início dos anos 1990, estavam sumidos nos últimos anos e foram resgatados em 2020. Hoje pertencem a um colecionador anônimo de Santa Catarina e são bastante valiosos.


Primeiro Fusca Cintra produzido foi restaurado e hoje está com colecionador anônimo de Balneário Camboriú (SC)Imagem: Arquivo pessoal

Quem conta a história é o caçador de carros antigos Rodrigo Ziliani, o Bilinha, que "salvou" os Fuscas e os repassou a esse colecionador. Cada carro, conta ele, foi achado em local diferente de São Paulo. Todos em estado de abandono.

Morador de Tupi Paulista (SP), Bilinha reformou o primeiro Fusca Cintra fabricado e diz já ter recebido por ele oferta de R$ 300 mil - que faria do exemplar pioneiro um dos Fuscas mais caros do Brasil.

Ele diz ter recusado a proposta e alega que na ocasião o 959 Cintra já estava reservado ao dono atual.


Interior do Fusca 959 Cintra pioneiro; carro traz motor 1.8 a ar sobrealimentado com turboImagem: Arquivo pessoal

Segundo Bilinha, o Fusca 959 Cintra número 1 estava "semidestruído" na Penha, bairro da Zona Leste da capital paulista, quando o comprou por R$ 100 mil.

"Os outros dois carros se encontravam em condições ainda piores e também serão restaurados", relata.

Produção do Fusca Porsche é retomada

Resgate dos três carros originais reacendeu a vontade de produzir mais veículos, como este de corridaImagem: Julio D'Paula/PhotoPress

Além disso, Rodrigo irá construir outros três Cintras em parceria com seu criador. Hoje com 48 anos, André Cintra revela que ainda tem os moldes originais para produzir as peças de fibra de vidro.

Arquiteto, Cintra só voltou a se conectar com suas "crias" em 2020, quando soube do respectivo resgate.

"Por volta de 2006 ou 2007, vendi os carros que tinham ficado com minha família: o primeiro, que era meu; e o terceiro que era do meu pai. A partir de então, perdemos a pista deles. Até que, no ano passado, soube que o exemplar número dois tinha sido resgatado de um ferro-velho na região de Tupi."

Daí veio a a amizade com Ziliani e a ideia de dobrar a produção original do Fusca 959 Cintra. Os três novos veículos serão para uso pessoal, pontua.

"A descoberta dos carros originais me instigou a fazer de novo. A intenção não é montar uma fábrica nem colocar os carros para vender. Porém, quem sabe?"

André conta que o primeiro carro da nova safra acabou de ser concluído e é de corrida, pois só pode ser usado em circuitos fechados.

"Já levamos para acelerar no Autódromo de Interlagos", diz o arquiteto.

A fabricação dos carros número cinco e seis já começou em um galpão de Tupi Paulista com as participações de Bilinha e Plínio Cintra - primo de André que cedeu o chassi para a produção do Fusca Cintra número 4, o de competição - equipado com motor AP 1.6 injetado de 130 cv.

Agora, a intenção é relembrar e retomar o projeto da juventude.

"O Bilinha reacendeu a chama. Já apareceram muitos interessados em adquirir os moldes, mas decidi que, se for para fazer mais carros, tenho de participar".

Aval de lenda do design
Esboços da transformação que resultaria no Fusca 959, feitos por André Cintra há cerca de 30 anos Imagem: Arquivo pessoal

André Cintra relata que os primeiros esboços do Fusca 959 nasceram em 1988, durante o curso 1ª Oficina de Design de Automóveis. Os professores foram os designers Fernando Stickel e Anisio Campos - desenhista de clássicos nacionais como Puma GT e Kadron Tropi, considerado o primeiro buggy brasileiro.

Em meados daquele ano, os alunos foram desafiados por Campos a criar algo baseado no Volkswagen Fusca.

"Já em casa, sentei na minha prancheta. Meio sem ideias, parei e comecei a olhar um pôster do Porsche 959 que eu havia pendurado no quarto. Comecei, então, a tentar misturar os dois carros e fiquei rabiscando durante horas", relembra Cintra.

Segundo ele, dos "três ou quatro" projetos que levou para o dia da apresentação, o que mais interessou seu mestre foi o do 959.

"O Anísio na época adorou a ideia pela praticidade da transformação e por se tratar de um Porsche, cujo fundador Ferdinand criou o Fusca".

No ano seguinte, André Cintra aprendeu ainda mais com seu mentor, do qual se tornou amigo, ao participar de uma espécie de estágio. Em 1991, finalmente começou a tirar do papel o projeto do Fusca Porsche.

A construção do 959 Cintras ficaria concluída um ano depois, com direito a festa de inauguração no mesmo local onde participara do curso com Campos, que morreu em 2019, aos 86 anos.

Cartaz do curso que André fez com o designer Anisio Campos, de quem se tornaria discípulo e amigo
Imagem: Arquivo pessoal

Apresentação do Fusca Cintra foi realizada em meados de 1992, no mesmo local onde André fez o cursoImagem: Arquivo pessoal

No ano seguinte, André Cintra aprendeu ainda mais com seu mentor, do qual se tornou amigo, ao participar de uma espécie de estágio. Em 1991, finalmente começou a tirar do papel o projeto do Fusca Porsche.

A construção do 959 Cintras ficaria concluída um ano depois, com direito a festa de inauguração no mesmo local onde participara do curso com Campos, que morreu em 2019, aos 86 anos.

Cintra se recorda dos desafios para reproduzir em um Fusca características do Porsche 959, um dos carros mais avançados e caros do seu tempo.

Cintra recorda que projeto exigiu criatividade; faróis do Porsche original valiam mais do que Fusca 'doador'
Imagem: Arquivo pessoal

"Um exemplo disso eram os faróis dianteiros; pensamos em utilizar os originais, mas quando conseguimos verificar a numeração da peça e o valor percebemos que teríamos mesmo de fazer alguns milagres usando a criatividade. Cada farol do 959 na época custava praticamente o que havíamos pago pelo Fusca utilizado como base do projeto".

Fonte: Uol
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