A primeira coisa que Michelle faz quando acorda é abrir o Facebook em seu smartphone, que a ajuda a acordar. E não é só o Facebook; ela aproveita também para conferir seus e-mails e dar uma vasculhada nas fotos do Instagram... A relação da Michelle com o smartphone é tanta que o aparelho virou praticamente uma extensão do seu braço. E quando a gente pergunta se ela se acha é dependente do smartphone.
O vício é tamanho que é difícil encontrar uma foto da Michelle que ela não esteja com o celular na mão. Dá só uma olhada: entre as amigas... na praia... e até no dia do seu casamento. Detalhe para sua figura até nos noivinhos do bolo...o celular também estava lá.
O uso compulsivo se estende às dezenas de aplicativos que ela tem no smartphone – além das redes sociais, fazer “check-in” é a primeira coisa que ela faz quando chega em qualquer lugar... acredite, qualquer lugar mesmo. Até no altar: nem no dia mais importante da sua vida ela desgrudou do celular. Em pleno altar, Michelle quebrou o protoloco para ler os votos para o seu marido direto na tela do smartphone...
A Michelle diz não lembrar sequer da última vez que ficou sem bateria. Ela conta que tem carregadores espalhados por todos os cantos da casa, no trabalho e até no carro. Porque se, por acaso, ela ficar sem bateria a coisa fica feia.
"Eu fico desesperada, nervosa e estressada... eu fico brava com a vida. Eu já saí de casa com sapato trocado, mas nunca sem celular", diz Michelle.
Muita gente deve se identificar com a Michelle, não é verdade? Apesar de se considerar uma viciada no smartphone, ela acredita que isso não atrapalha sua vida; nem no trabalho, nem nas relações pessoais. Para ela, o smartphone é uma ferramenta essencial no seu dia a dia.
O problema é que o vício em smartphone já é visto como questão de saúde em muitos lugares do mundo – inclusive aqui no Brasil. O acesso maior ao dispositivo deixa cada vez mais pessoas dependentes do celular.
"É uma situação crescente por conta de um descuido em relação à saúde, como lidar com a ferramenta de uma forma que não seja prejudicial", diz Ana Luiza Mano, psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC de São Paulo.
Segundo a psicóloga, a facilidade de estar sempre próximo, normalmente no bolso ou na bolsa, é um fator que contribui bastante para o uso compulsivo e impulsivo do smartphone. E as pessoas precisam, antes de mais nada, atentar para esse uso compulsivo se não quiserem adquirir tal vício.
Mas, como saber se você é um viciado em smartphone? A questão é delicada e varia de pessoa para pessoa, mas apenas você mesmo pode se dizer dependente ou não do celular...
"É considerado vício em internet ou smartphone quando a pessoa começa a perder questões do cotidiano, do social, quando ela não quer ir para um lugar onde não há internet, quando a queda da conexão causa muita raiva. Quando começa a afetar a rotina como comer, tomar banho, ir para o trabalho ou escola, ou até mesmo dormir, dá para começar a se preocupar ao uso que você faz", diz a psicóloga.
Se você acha que está exagerando – principalmente nas horas de lazer – o primeiro passo é tentar dosar o uso do smartphone. Ainda assim, reconhecer a dependência não é fácil. Mas quando uma pessoa se descobre viciada, é muito importante que ela procure a ajuda de um profissional.
O Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC de São Paulo oferece orientação psicológica sobre vício em internet e smartphones de graça via e-mail. O serviço é dirigido às pessoas que apresentam dificuldades geradas pelos usos compulsivos ou excêntricos dos smartphones. A procura ainda é baixa: em média, são apenas cinco atendimentos por mês. Mas basta enviar um e-mail relatando seu caso e, em seis semanas, um psicólogo vai te ajudar a entender o motivo do seu vício e até explicar como se livrar dele.
E você, também se considera um viciado em smartphone assim como a Michelle? Precisa de ajuda ou acha que pode controlar a situação? Escreva pra gente e conte seu caso ou de pessoas ao seu redor; participe do nosso fórum. E se você realmente precisar de orientação, o e-mail dos psicólogos da PUC está junto ao texto que acompanha esta matéria no nosso site.
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