Diante de um mercado fragmentado, a empresa acredita que o sistema do Google será o principal para as Smart TVs no futuro
Por Lucas Agrela
Android TV: sistema já está em TVs da Sony (Google/Divulgação)
O jeito de ver TV mudou com a popularização dos vídeos do YouTube e dos filmes e séries da Netflix. No Brasil, mais de 80% dos internautas usaram o YouTube para ver programas de TV ou filmes em agosto de 2016, segundo levantamento da RBC Capital Markets, enquanto a Netflix foi usada por 71% desse público.
Para enfrentar essa nova realidade de consumo de conteúdo na sala de estar, as fabricantes de TVs tomaram medidas importantes, como manter relacionamento com provedores de aplicativos e também oferecer sistemas em seus aparelhos que sejam favoráveis para a criação de apps que podem, eventualmente, ajudar a vendê-los.
Esse é o caso da Sony, que optou pelo sistema Android TV, que acredita ser o padrão do mercado no futuro. A escolha já viabilizou mais de 800 aplicativos para o sistema, usado pela fabricante em todos os seus modelos mais recentes. Nessa empreitada em prol do sistema do Google também está a Philips, que oferece alguns modelos com Android no Brasil.
EXAME.com conversou com Hiroki Chino, presidente da Sony Brasil sobre o futuro da TV e da própria empresa diante do novo cenário do consumo de conteúdo televisivo. Confira os melhores trechos da entrevista a seguir. Por dentro do assunto: Brasileiros têm usado mais a televisão, mostra pesquisa
EXAME.com: Como a Sony lida com a nova realidade do consumo de vídeo via streaming?
Hiroki Chino: O relacionamento entre a Sony e os provedores de conteúdo ganha importância a cada dia. Em nível global, temos comunicação próxima e colaboração com essas empresas. Isso também acontece com os provedores de músicas, como o Spotify. Até pouco tempo atrás, tínhamos apenas o broadcasting. Eu não sei qual tipo de relacionamento que tínhamos com emissoras. Hoje, por conta da mudança no ambiente, trabalhamos junto com essas novas empresas.
Todas as nossas TVs novas vêm com a tecnologia X-Reality Pro. Isso permite um upscaling (melhoria via software) de qualidade de imagem. Na hora de vermos um vídeo do YouTube, que não é muito bom ou tem uma qualidade de imagem muito baixa, nossa tecnologia faz o upscaling das imagens.
O tempo que as pessoas passam vendo TV não mudou muito nos últimos anos. O que mudou é que as pessoas passam mais tempo vendo online do que a partir dos canais tradicionais.
Qual é a importância do ecossistema de aplicativos para TVs atualmente?
Ele deve continuar a ganhar importância. No Brasil, cada vez mais pessoas assinam serviços de streaming.
Os aplicativos para TVs sofrem com a fragmentação do mercado. A Samsung usa o Tizen e a LG, o webOS. O que a Sony faz para atrair desenvolvedores para o Android TV?
A razão pela qual escolhemos a plataforma do Google para TVs é que acreditamos que o Android TV será um protocolo comum. Não buscamos um sistema feito em casa, em vez disso adotamos essa plataforma aberta. O motivo de termos escolhido isso é que com uma plataforma aberta, mais desenvolvedores podem aderir a ela facilmente. Em vez de nos fecharmos em nós mesmos, adotamos uma abordagem muito mais aberta. É por isso que adotamos o Android TV.
As pessoas terão TVs em casa a longo prazo?
Talvez, isso depende da pessoa.
Pergunto sobre o consumidor médio.
A tendência indica que as pessoas procuram telas maiores e com qualidade melhor. 30 anos atrás, o tamanho da TV era pequeno, apenas 20 polegadas. Quando a alta definição foi desenvolvida por meio de uma colaboração de toda a indústria, as pessoas acreditavam veementemente que o tamanho máximo da TV era de 30 polegadas. Agora, o modelo menor é de 32 polegadas. É uma situação curiosa. Agora as pessoas têm TVs de 65 ou 75 polegadas em casa. A TV pode fazer mais pelas pessoas, eu acredito.
Se você tem uma sala de estar, talvez todas as paredes dela se transformem em telas. Não sei se isso ainda se chamaria TV. Já hoje o uso da TV é muito mais amplo. Um dia as pessoas podem deixar de chamá-la de TV, talvez chamem-na apenas de tela.
Qual é a situação da Sony hoje diante da crise política que o Brasil atravessa?
2015 foi um ano extremamente difícil. Em 2016, as projeções de economia melhoraram um pouco, mas nós melhoramos muito no ano passado. Tivemos aumento de lucro e crescimento do nosso negócio no Brasil. Recebemos bom feedback do público. Neste nosso novo portfólio de 2017 também já sentimos uma reação positiva. Porém, não podemos prever o que vai acontecer na política até o fim do ano.
Matéria de: Exame.com
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